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A BIBLIA É A PALAVRA DO DEUS VIVO JEOVÁ.

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DISSE JEOVÁ DEUS: "Eu sou Jeová.Eu costumava aparecer a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso,mas com respeito ao meu nome, Jeová,não me dei a conhecer a eles".Êxodo 6:1-30

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Darino Sena: talentos reciclados e desperdiçados


Boa parte da arrancada do Vitória se explica pelo que chamo de reciclagem de talento. Ayrton, Marquinhos, Luiz Gustavo, Juan e William Pica-Pau se enquadram nessa categoria. Ayrton e Luiz Gustavo estavam encostados no Palmeiras. Juan, esquecido no São Paulo. Pica-Pau foi mandado embora duas vezes do Vitória. Ele não fazia parte dos planos de Caio Júnior. Marquinhos também não. No começo do ano, Marquinhos tinha sido escolhido pela revista Placar pra ser o destaque numa reportagem sobre os preparativos do Vitória pra temporada. Quando soube, Caio avisou que era melhor escolher outro. Disse que Marquinhos não ia jogar.

Aí chegou Ney Franco. E reciclou o talento dos citados. O mérito do técnico foi escalá-los nas posições corretas e dar-lhes confiança. Assim que chegou, Ney justificou ter aceito o convite pela qualidade do elenco. Citou vários jogadores, entre eles, os recém-chegados Juan e Ayrton e o esquecido Marquinhos. “Um do principais atacantes do Brasil”. Deu moral. Mandou buscar o até então desconhecido Luiz Gustavo. Pediu o retorno de Pica-Pau. Foi recompensado pelo  amplo conhecimento que tem do mercado. Sabia que os dois podiam se encaixar no estilo de jogo que queria implantar. Tem dado certo. Não é obra exclusiva de Ney. Se os caras não quisessem... “Talento sem vontade é inútil”, me ensinou Helena, minha saudosa vó, 94 anos de talento, garra e muita sabedoria.

Pego o gancho de minha vó pra falar de quem tem desperdiçado talento - Anderson Talisca. Jogador de passadas largas, boas visão de jogo e passe - vide assistência pro gol de Obina contra o Atlético-PR -, chute potente, convocações pra seleção. Promissor, mas precisa querer mais. Tá certo que é prejudicado com a escalação em posições equivocadas - é meia e não ponta -, com a impaciência irracional dos tricolores com as revelações, e por carregar a responsabilidade de resolver num time limitado. Mas Talisca pode mais. Alguém precisa convencê-lo disso. Que futebol também é doação, transpiração. Que não há bom meio-campista hoje que não marque: Xavi, Iniesta, Paulinho... Ganso caiu no ostracismo porque achou que podia driblar essa tendência. Teve que se enquadrar. Na Fonte, o São Paulo com dois a menos, vi Ganso se desdobrar entre marcar e criar. Parece ter aprendido. Se craques se doam pro time, por que Talisca, que apenas acha que é um deles, só cerca?

No início dos anos 2000, eu era assessor de imprensa do Bahia. Acompanhei a evolução de um meia muito mais talentoso que Talisca, também formado no Fazendão: Jair. Segundo volante, mais forte e técnico. Chutava com as duas pernas e bem. Olhava pouco pra bola. Colocava-a onde queria. Era a grande aposta do clube na década passada. Foi o maior potencial que vi surgir da base tricolor. Titular nos Brasileiros de 2002 e 2003. Jogou com Kaká na seleção pré-olímpica. Em campo, sobrava raça. Fora dele, faltava juízo. Seguidas contusões, problemas com álcool e suspensão por uso de cocaína abreviaram uma carreira que podia ter sido brilhante. Não sei da vida de Talisca extracampo. E também não me interessa. Minha crítica é exclusivamente pelo desempenho técnico, e é evidente que ele tem bola pra ser mais. Só vale a pena cobrar de quem tem pra dar.

Um bom conselheiro pra ajudar Talisca a virar realidade pode ser Osni, hoje diretor técnico do Bahia. Osni é o maior goleador da história da Fonte - 83 gols pelo Vitória e 77 pelo Bahia. Artilheiro do Baianão cinco vezes - um recorde. Campeão estadual como atleta e técnico, simultaneamente. É um dos poucos ídolos incontestáveis de nossas duas maiores torcidas. Espero que, no novo cargo, Osni tenha liberdade para conversar com os jogadores de todas as categorias, dar-lhes bons conselhos e passar um pouco da sua valiosíssima experiência, sobretudo pra quem está começando. Poucos podem ensinar, com tanta propriedade, o que a oportunidade de vestir a camisa tricolor significa. Que Osni não esteja no Fazendão como figura decorativa, ato político pra fazer média com uma torcida que, merecidamente, o venera. O Bahia não  pode se dar ao luxo de desperdiçar esse talento.Fonte:Correio da Bahia