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A BIBLIA É A PALAVRA DO DEUS VIVO JEOVÁ.

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DISSE JEOVÁ DEUS: "Eu sou Jeová.Eu costumava aparecer a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso,mas com respeito ao meu nome, Jeová,não me dei a conhecer a eles".Êxodo 6:1-30

domingo, 5 de abril de 2015

Peregrina dribla câncer nos ossos e percorre 1,4 mil km: 'Eu renasci'

O que esperar de uma notícia de câncer de mama em grau avançado, com tumores pelos ossos, acompanhada de uma expectativa médica de sobrevida de, no máximo, dois anos? A realidade da moradora de Campinas (SP) Maria Inês Arruda Camargo, de 48 anos, poderia se resumir a uma depressão previsível logo após o diagnóstico em 2010. No entanto, quase cinco anos depois, a história dela não cabe em um resumo, mas em pelo menos 1,4 mil quilômetros percorridos a pé.

"Eu renasci. A vida da gente é renascer todos os dias. É a ressurreição nossa", conta emocionada ao G1 ao relembrar, na Semana Santa, os desafios que enfrentou até agora.
Eu renasci. A vida da gente é renascer todos os dias"

Maria Inês

Maria é católica,assim como a mãe, de 75 anos, com quem divide o dia a dia. Foi através da fé que ela mudou os rumos temidos por uma doença como o câncer, e se surpreendeu com os resultados que têm garantido a ela qualidade de vida.

Nos percursos religiosos dentro de Campinas e também pelo interior de São Paulo e Minas Gerais, a campineira se viu cumprindo distâncias cada vez maiores, com caminhadas de 12 a 320 quilômetros que começaram dois anos após o diagnóstico.

Sem forças para andar, a caminhada começou
Caminhar por longas distâncias era um passo que Maria desacreditava que poderia dar, mas que foi impulsionado pela fé católica e por um amigo, também estreante nas estradas. De cara, o desafio proposto era de 36 quilômetros a serem percorridos de Campinas até Indaiatuba (SP) na Peregrinação Inaciana, que lembra a peregrinação de Santo Inácio à Terra Santa.

Eu pensei que ia andar 100 metros e caminhei 25 quilômetros sem parar"

Maria Inês
"Os medicamentos que eu tomo dão uma reação adversa, que 'enxuga' as juntas, como um processo de artrose. Tinha muita dor no corpo por causa dos remédios. Quando ele me chamou pensei 'com essa dor eu não vou aguentar'", lembra.

Mesmo assim, Maria decidiu acompanhar, já que um carro daria apoio aos peregrinos. Ela achou que precisaria de ajuda logo nos primeiros metros.

"Eu pensei que ia andar 100 metros e caminhei 25 quilômetros sem parar. Só não fiz a caminhada toda porque não estava com o tênis certo, não entendia disso, tive bolhas nos pés. Passados dois dias, eu não tinha mais nada. Nem as dores que eu tinha antes", conta emocionada.

Maria descobriu que o processo da caminhada devolvia a lubrificação para as juntas dos ossos dela e o médico que a acompanha no tratamento não se opôs.
Empolgada com a descoberta, ela se inscreveu em um grupo de peregrinos sem saber que o próximo desafio a levaria à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, sua maior devoção.
"Eram seis dias, 20 quilômetros no total. Pensei que conseguiria", lembra.

Desta vez, procurou equipamentos adequados e dedicou uma preocupação maior à mochila, por causa da dor nas costas por causa dos tumores nos ossos. Tudo deu certo.

"Chegar em Aparecida do Norte foi um desafio da minha fé. Ali eu senti que era uma pessoa abençoada. Quando eu entrei na capela, chorei por duas horas sem parar".
Desde então foram caminhadas de 12, 36, 58, 18 e, a maior delas, 320 quilômetros, feita em setembro de 2014 em 15 dias. O chamado Caminho da Fé é percorrido de Águas da Prata (SP) até Aparecida (SP).

"Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Foi a minha provação de que eu estou bem realmente. O fortalecimento da minha fé. Conseguir chegar todos os dias aos destinos bem, com um cansaço bom, de realização".

Esculturas de santos
Tamanha devoção também motivou o desenvolvimento de habilidades com artes plásticas. Sem poder exercer a profissão de consultora financeira, Maria tomou gosto pelas esculturas de santos estilizadas, que conheceu em uma das caminhadas em que passou por Belo Horizonte (MG).

"Fiz uma, duas, hoje faço bastante. Levo um dia para pintar cada uma delas à mão", orgulha-se.

Mas todos esses desafios só foram permitidos, segundo ela, após vencer a primeira das batalhas: um câncer silencioso.

Diagnóstico difícil

A desconfiança de um problema mais grave nos seios começou em 2009, quando Maria Inês retirou um nódulo da mama esquerda. A biópsia apontou que se tratava de um nódulo benigno. Mas, no fim daquele mesmo ano, a outra mama apresentou a mesma anormalidade.
Daí começaram os acompanhamentos com exames, sempre com resultados negativos. Com o passar do tempo, Maria começou a sentir incômodo na mama, na axila e dores nas costas. Ao fazer novos exames, nada era constatado.

Programa de TV chamou a atenção

Enquanto Maria ficava inconformada com os resultados sempre negativos dos exames, o câncer silencioso avançava. Já em 2010, ela começou a perceber alterações na textura da pele do seio e renovou as esperanças de descobrir o que tinha após assistir a um depoimento no Mais Você, programa da TV Globo.

Na atração da TV, uma mulher contava sobe a luta contra o câncer, a interrupção do tratamento por causa de uma gravidez e a consequente piora. A campineira decidiu voltar ao médico. Para a surpresa do doutor, ao examiná-la e ver o estado em que a pele estava, o diagnóstico apareceu.

Só de olhar ele disse que era câncer, apesar de não aparecer nos exames. E mesmo já com o diagnóstico, o exame precisou ser repetido três vezes"

Maria Inês

"Só de olhar ele disse que era câncer, apesar de não aparecer nos exames. E mesmo já com o diagnóstico, o exame precisou ser repetido três vezes. O nódulo estava com 8 centímetros de diâmetro. Os médicos não conseguiram me explicar por quê o exame não mostrava", lembra.

Tratamento e metástase

O câncer estava tão avançado que Maria estava com metástase, o tumor tinha atingido também os ossos. Logo após a cirurgia para a retirada de toda a mama, começou o tratamento. Foram 35 sessões de radioterapia e, na sequência, quimioterapia e medicamentos que a acompanhariam por toda a vida.

Atualmente, três remédios, incluindo hormônios, e quimioterapia a cada 21 dias são necessários para manter a doença sob controle. Até agora ela contabiliza 75 sessões, que também se traduzem em uma conquista. Maria superou a sobrevida estimada pelos médicos, de no máximo dois anos de vida.

"A minha doença dos ossos estava na clavícula, nas costelas do lado esquerdo, cinco vértebras da coluna, quadril e bacia dos dois lados, a cabeça do fêmur da perna direita e em outro ponto do fêmur da mesma perna. Eu só penso que é uma graça, uma missão de divulgar essa caminhada. Se Deus me permitiu estar aqui agora, é porque tenho uma missão importante", acredita.Fonte:G1