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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Teori Zavascki tinha medo de viagens aéreas e evitava voos particulares

O ministro do STF Teori Zavascki, que morreu num acidente aéreo na tarde de quinta-feira (19) em Paraty (RJ), confidenciava a amigos que não gostava de voar e que tinha "receio" de viagens aéreas. A procuradora da Fazenda Nacional Naira Pieczkoscki de Moura lembra de um encontro com o ministro em um voo para Brasília, no início de 2005, no qual Zavascki relatou o medo que tinha de viajar de avião.

"Lembro que dividi com ele um pacotinho de castanhas de caju que sempre levo comigo. Foi quando me contou que tinha medo de voar", disse a procuradora, que trabalhou como técnica judiciária no gabinete do então desembargador federal entre 1990 e 1993, junto ao recém-criado Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

Na mesma ocasião, lembra a procuradora, Zavascki antecipou a ela que haveria "abalos políticos institucionais" sérios no país – seis meses depois, o então deputado Roberto Jefferson denunciava a existência do Mensalão no Congresso.

"Era um colega muito alegre, brincalhão até. Contava piadas e episódios engraçados da carreira jurídica. Mas no trato com advogados e juízes da corte, se tornava discreto e sério. Nem parecia a mesma pessoa", lembra a procuradora, que se disse "triste" com a morte do colega.

Vice-presidente do TRF4, o desembargador Carlo Eduardo Thompson Flores recorda que Zavascki era "incapaz de levantar a voz", em qualquer situação. "Tratava-se de um homem muito afável. Além de discreto e estudioso, como convém a um juiz", disse Thompson Flores, que atuou com o ministro durante 10 anos.

Viajar em avião particular não era comum

Teori Zavascki esteve no Rio Grande do Sul poucos dias antes do acidente. Alugou uma casa no balneário de Xangrilá, litoral norte do estado, onde recebeu no último final de semana o ex-presidente do Grêmio, Paulo Odone, advogado de quem era amigo desde 1972 e com quem estagiou ainda no início da carreira.

"Ele tinha um pouco de ressentimento com o patrulhamento que vinha sofrendo, de todos os lados. Mas dizia que ia se manter independente até o fim, não ia julgar nada politicamente", relata o ex-dirigente, referindo se às críticas sofridas pelo ministro como relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).

Em 2016, logo após a anulação das gravações entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, o prédio onde mora um dos filhos do ministro foi alvo de protestos por parte de integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre), grupo defensor do impeachment de Dilma.

Durante o almoço na praia, Zavascki estava "alegre e faceiro", segundo Odone. "Estava de bermudas, tomamos nossa cerveja bem gelada e conversamos muito. Mas não comentou nada sobre a viagem que faria a Paraty", disse. Os dois jantariam juntos na terça-feira (17), antes de Zavascki embarcar para São Paulo.

Odone também estranhou a opção do ministro em não usar um voo comercial. E lembrou que a única vez em que Zavascki não usou um avião de carreira foi para participar do aniversário de 100 anos da mãe, em janeiro de 2016 na cidade catarinense de Faxinal dos Guedes. "Ali ele viajou com um jatinho da FAB, até por razões de segurança já que o clima estava pesado", lembrou.

"Eu perdi um amigo íntimo, mas o Brasil perde uma figura exemplar que conseguiu dar, com a sua coerência e neutralidade, alguma estabilidade institucional à democracia brasileira", completa Odone.

Querido professor
Professor de Direito Processual Civil durante 18 anos na UFRGS, Teori Zavascki também era admirado pelos alunos – as vagas na disciplina do ministro eram "disputadas", como lembra o atual diretor da faculdade de Direito Danilo Knijnik.

"Seu encanto vinha da conciliação que conseguia fazer entre amabilidade e rigor. Era sério, mas também elegante no trato de questões delicadas. Os alunos, entre os quais me incluo, adoravam suas aulas", relata Knijnik.

Entre os vizinhos, o ministro também era tido como um homem sério e discreto. No condomínio de um bairro elegante de Porto Alegre, onde tinha um apartamento, Zavascki era pouco visto, principalmente depois da morte da esposa, em 2013, vítima de um câncer.

"Nos encontramos algumas vezes na garagem ou na academia de ginástica do condomínio. Geralmente fim de semana ou feriado. Era sério e muito compenetrado", conta a advogada Tissiani Minghele Sebben, vizinha do ministro.

O corpo de Teori Zavascki será velado no plenário do TRF4, prédio inaugurado na sua gestão como presidente do Tribunal, em 2001, a partir deste sábado. Fonte:UOL