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A BIBLIA É A PALAVRA DO DEUS VIVO JEOVÁ.

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DISSE JEOVÁ DEUS: "Eu sou Jeová.Eu costumava aparecer a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso,mas com respeito ao meu nome, Jeová,não me dei a conhecer a eles".Êxodo 6:1-30

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Coluna A Tarde: A guerra entre Dilma e o PMDB

O que está a acontecer na Câmara dos Deputados na queda de braço entre a Presidência da República e o PMDB é uma desfaçatez que lança por terra o republicanismo, até bem pouco cantado em versos e prosa pelos petistas. Republicanismo coisa nenhuma. O que se discute, na exigência do PMDB por mais um ministério, é a própria imagem fisiológica do Brasil de hoje, de 34 partidos e 39 ministérios, criados tanto uns como outros para comprar apoios de modo que o governo fique bem acomodado no Congresso, garantindo a aprovação dos projetos que lhe interessam. O PMDB ameaça romper para ficar numa situação de independência em relação à presidente Dilma Rousseff, enquanto ela passa – e isso é curioso – a se fragilizar, justo em ano que pretende a sua reeleição.

De certo modo o principal partido aliado do Planalto está, na exigência que impôs, dando a ela o troco na medida em que nunca soube tratar com os partidos da sua base, a não ser alimentá-los com vantagens à custa da sangria republicana. O resultado são ministérios em boa parte mal administrados, capitanias de partidos onde são empregados integrantes da legenda em cargos de importância. É a Republica dividida em nacos para que os partidos políticos possam se refestelar e  se arrumarem. O que acontece fere o Estado Democrático de Direito, fere a ética, empobrece a concepção de nação. Não vem de agora. A cada governo aumenta um pouco mais o número de ministérios, enquanto os partidos políticos se reproduzem como ratos, todos com interesses predeterminados. A imagem com os ratos, creio, fica quase perfeita, embora atinja o conceito dos roedores, porque, na verdade, é ainda pior.

No meio da semana, para dar um tranco no presidente da Câmara, o peemedebista Henrique Alves, que não gosta de Dilma nem ela dele, a presidente disse que qualquer acerto, negociação ou negociata, passará pelo vice-presidente Michel Temer. No finalzinho da semana, Henrique Alves reuniu partidos para colocar a presidente contra a parede e está tentando organizar um bloco de oito legendas, que terão 289 deputados, ou 55% da Câmara, composta por 513 parlamentares, de modo a estabelecer uma luta e dificultar a aprovação dos projetos do Palácio do Planalto. É um movimento forte que pode deixar a presidente em situação absolutamente desconfortável. Antes, o PMDB já tinha anunciado que devolveria dois ministérios e agora reúne tropas para avançar, colocando a presidente em situação desconfortável.

O presidente da Câmara tem demonstrado que dispõe de força e aliados para agir, sem dar importância aos interlocutores do Planalto, como a ministra de Relações Institucionais Ideli Salvatti. O que vai acontecer a partir deste confronto é uma incógnita. Esta é uma das pouquísmas vezes que o PMDB se rebela, naturalmente aproveitando o ano eleitoral, quando a presidente necessitará com nunca do apoio do partido, não somente em busca de votos, mas para expandir o seu horário eleitoral para a propaganda política.

De certo modo, Dilma quer ceder, mas à sua maneira. Assim, comunicou ao PMDB que entregaria o Ministério da Integração Nacional – um dos mais importantes – com uma ressalva: ela indica quem será o ministro. E de pronto citou o nome: Eunício Oliveira, num jogo maquiavélico cujo objetivo seria impedi-lo de ser candidato ao governo do Ceará. Claro que o partido não aceitaria tal condicionante. O PMDB (como acontece aqui na Bahia com Geddel Vieira Lima) quer ficar descomprometido com a candidatura à reeleição da presidente. Aqui, por exemplo, já está certo que o PMDB abrirá espaço para o tucano Aécio Neves e o mesmo pode acontecer no Ceará. É um jogo, portanto, de compra e venda, do pior fisiologismo, do “toma lá, dá cá”, como aconteceu à larga no pífio e retrógrado governo de José Sarney, o primeiro após a ditadura militar. Dilma quer apoiar e favorecer Cid Gomes e afastar Eunício. O deputado e pré-candidato cearense de pronto recusou o Ministério, como era de se esperar, para não passar como trouxa, como se costuma dizer.

Naturalmente, os peemedebistas caíram fora da proposta, consideram-na absurda, desrespeitosa, e entenderam que sequer precisava dar resposta à presidente. A estranha proposta só fez piorar os ânimos partidários. Bem pensado, a proposta parece partir de uma neófita. O que, com três anos de mandato presidencial, Dilma Rousseff já não o é.


*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde deste domingo (23)