Enquanto o pequeno M.A.S., de 2 anos, era submetido à segunda etapa de cirurgias para a retirada de agulhas que atingiram seus órgãos, o seu ex-padastro, que confessou ter introduzido os objetos na criança, teve decretada prisão preventiva. Na tarde desta quarta, 23, a criança foi submetida a novas intervenções cirúrgicas durante três horas e meia, no Hospital Ana Neri, Salvador, onde permanece internado.
Em Ibotirama, cidade de origem do menino (a 648 km da capital), o juiz local, Antônio Marcos Tomás Martins, decretou a prisão preventiva do ex-padrasto da vítima, Roberto Carlos Magalhães Lopes, 30, que confessou ter enfiado as agulhas no menino, e de Angelina Capistana Ribeiro, acusada por Lopes de cumplicidade, mas que negou qualquer envolvimento.
M.A.S. encontra-se em estado delicado, conforme os médicos que o monitoram. Segundo o cirurgião pediátrico Bráulio Xavier Neto, que coordenou a equipe responsável pela operação, foram retiradas 14 peças do corpo do menino, entre agulhas inteiras e fragmentos. A maior parte delas estava alojada na região abdominal, atingindo o fígado e o intestino delgado.
Também foram retiradas agulhas da bexiga e das costas. Pelo menos outras 13 ainda estão espalhadas dentro do menino – inclusive duas presas na região do pescoço. “Há uma bem no canal medular. Teremos de avaliar os riscos de uma operação para retirá-la”, ponderou Francisco Reis, diretor-geral do hospital. Uma agulha fincada no púbis não será extraída. Conforme Reis, a presença dela não afetará a saúde de M.A.S.
Outro envolvido na cirurgia, Fábio Contelli, que acompanha o caso desde quando a vítima foi atendida em Barreiras, oeste do Estado, disse que o paciente já respira sem auxílio de aparelhos. “O corpo dele foi submetido a vários traumas, incluindo as cirurgias, o que o torna mais frágil. Ele pode até sofrer uma parada cardíaca, por exemplo”, ilustrou Contelli.
O diretor da unidade confirmou que M.A.S. ficará pelo menos mais uma semana apenas em observação, enquanto são feitas análises sobre a nova cirurgia – que envolverá profissionais especializados em neurologia.
Ameaça - Advogado da família do garoto, Rômulo Reis da Silva Chaves divulgou neste sábado, 20, a ameaça de morte sofrida pela avó da criança, atribuída a uma das filhas da acusada Angelina dos Anjos. “Já prestamos uma queixa na Delegacia de Ibotirama, na última segunda-feira”, avisou Chaves.
De acordo com o defensor, a família teme represálias por parte dos parentes dos acusados e faz planos de mudar-se da cidade. “Para isso contamos com o apoio de pessoas que se sensibilizaram com a história desta família”, pediu.
À frente do caso, o delegado Helder Santanna disse que a maior dificuldade enfrentada é o silêncio dos vizinhos da acusada, que têm acrescentado pouco às investigações.
